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sexta-feira, outubro 17, 2014

Esperança

(Cláudia Ferrari, outubro 2014)



O que é a esperança?

Talvez aquela alegria inesperada que chega não se sabe de onde

E, sem aviso, sem pretensão ou falsa modéstia, simplesmente se instala.

Talvez venha de longe, com o olhar cansado das estradas

Com o cabelo embaralhado pelo vento

E com a estranha força que cura.

Talvez seja aquele bichinho de antenas longas 

que nos acontece no improvável da história...

Afinal, em que lugar vive a esperança

Se ela, de algum modo, sempre arruma um jeito
de morar dentro da gente?

sábado, setembro 20, 2014


                                                                                   (Cláudia Efe, setembro 2014)




Pelo meu coração
passa a flecha
certeira me atravessa
quanto mais se arranca
mais se sente
Sou Sebastião sem aviso
sem santo ou padroeiro
e os dias são como fenda aberta
rasgados por seus ponteiros

quinta-feira, junho 19, 2014

                                                                                                 (Cláudia Ferrari, Buenos Aires, 2010)



Tenho os pés descalços nas ruas de Palermo
O salto gasto da moça que dança em La Boca
Sou também o seu tablado, encruzilhada para as suas pernas
Sou a estação de San Isidro
O susto do Rio de La Plata no absurdo do horizonte
sou sua outra margem
O relógio parado do retiro
O vai e vem portenho
O trem, o atrito, o trilho
Sou o meio da tarde
A noite que se demora
O dia que finda e permanece

sábado, maio 10, 2014

Nau do tempo

                                                                                                              (Cláudia Efe, 10 de maio de 2014)



Ah, então é isso
de algum lugar
sei lá de onde
vem o dia
e aqui está você
no sol ou na chuva
quase todas as noites
dorme e acorda comigo
e passeia nos lugares
mais estranhos e inesperados
do instante
voz, olhar, qualquer coisa
ou tudo junto, inteiro
por hora
é assim que a vida segue




segunda-feira, abril 21, 2014

Por assim dizer


(Cláudia Efe, 19 abril 2014)



Entrego-me à vida
Que vê por dentro, através e muito além de mim
e adiante
Que vê com os olhos que não vejo
Que por todos os lados
generosa
É espiral e caminho
Incondicional e impermanente 

sábado, abril 12, 2014

Quando tudo é tanto

                                                                                      (Cláudia Efe)




Tento esvaziar a caixa da memória
Desapego
O coração-bomba-relógio
Pronto a explodir no primeiro passo
Ou detonar mesmo quando tudo está parado
Agora
O ar do segundo 
Longe demais
E dentro


Glória 12 de abril de 2014

sábado, janeiro 04, 2014

Chamados

                                                                                                    (cláudia efe)


Saiba a noite de hoje
o quanto queira
que habitada pelas quatro luas
ouvi a voz de todos os ventos